Apenas este ano, o Procon Goiás registrou cerca de 180 denúncias contra a agência digital de viagens. Consumidores foram surpreendidos com suspensão das emissões de passagens e pacotes da linha promocional.
A suspensão das emissões de passagens e pacotes da linha promocional da agência digital de viagens 123 Milhas pegou vários consumidores de Goiás de surpresas e causou prejuízo para quem tinha viagem marcada. A goiana Isabella Pena, por exemplo, teve um prejuízo de quase R$10 mil.
O g1 entrou em contato com a 123 Milhas por e-mail, mas não teve retorno até a última atualização dessa reportagem.
Apenas este ano, o Procon Goiás registrou cerca de 180 denúncias de casos semelhantes ao de Isabella. A Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor do Estado de Goiás (Decon), também foi notificada.
Prejuízo
O superintendente do Procon Goiás, Levy Rafael Cornélio, orienta que as pessoas que se sentirem lesadas acionem o Procon para abertura de um processo administrativo, mas também acione, imediatamente, o poder Judiciário, como fez a gestora de Marketing, Isabella Pena, de 28 anos.
Ao g1 Isabella contou que em novembro do ano de 2022, ela comprou passagens para Nova York, com data de embarque em novembro deste ano, para ela, a sogra e o esposo . Ainda segundo a gestora, todo o planejamento da viagem foi feito, como reserva de hotel e a troca da moeda brasileira por dólar, quando foram surpreendidos pelo comunicado da empresa.
“A gente pensou em solicitar os vouchers e abater nos valores atuais das passagens, mas veio quatro vouchers parcelados. Eu só consigo aplicar um voucher no site, ele não me dá a opção de acrescentar os outros. Não faz sentido algum”, contou.
Diante da atitude da empresa, Isabela disse que acionou o jurídico por meio de um advogado.
“Eu quero o meu dinheiro de volta, com os ajustes em cima do valor e danos morais. Porque eu fiquei frustrada, porque eu fui prejudicada emocionalmente, porque eu fiz um investimento ao longo dos anos para esta viagem e agora vou ter um gasto financeiro sem ter”, relatou.
Para não ter um prejuízo financeiro ainda maior, com os valores investidos em hospedagem e outros, Isabella precisou comprar novas passagens aéreas, com valores maiores do que o adquirido em 2022.
Ao todo, o prejuízo estimado é de R$ 9,6 mil, além disso, ela precisou reduzir dez dias que ficaria no exterior.
Suspensão
A empresa anunciou, na última sexta-feira (22), o cancelamento das viagens cadastradas na linha “Promo” de datas flexíveis, com embarques previstos de setembro a dezembro de 2023.
Após o comunicado, o Ministério do Turismo pediu para que a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça, investigue 123 milhas, que notificou a empresa nesta segunda-feira (21). A agência tem até esta quinta-feira (24) para prestar os esclarecimentos.
Nas redes sociais, a agência informou que os clientes serão ressarcidos e terão os valores devolvidos em vouchers, com acréscimo de correção monetária de 150% do CDI para a compra de itens oferecidos pela empresa. Entretanto, segundo o superintendente do Procon Goiás, a prática é ilegal.
“O fato da empresa estar ofertando os vouchers, praticamente obrigando os consumidores a pegar o vouchers é totalmente ilegal. Até porque cabe ao consumidor a escolha de ter um produto semelhante ou ser rescindido o contrato. O que a gente vai orientar é que a empresa devolva o dinheiro do consumidor”, explicou.
O superintendente ainda informou que o órgão vai notificar e multar a 123 Milhas, em relação aos consumidores goianos, já as demais competências legais estarão a cargo da Senacon.
Canais de denúncia
Os consumidores goianos que se sentirem lesados devem entrar em contato com o Procon Goiás por meio do telefone 151 ou pelo Procon Web. Reclamações também poderão ser feitas à Senacon pelo site consumidor.gov.br.
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